sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Paredes Ilustradas de Belo Horizonte

É tanta correria que a gente nem percebe a existência de galerias a céu aberto dispersas pelas paredes das ruas de Belo Horizonte. Começo aqui uma série de paredes ilustradas da cidade. Desenhos que artistas, anônimos ou não, foram deixando por aí. Todos acompanhados por seus respectivos endereços. Porque é aquela coisa: a experiência completa  só mesmo indo lá. Aqui fica o aperitivo.

Rua da Bahia, entre Tamoios e Afonso Pena











Avenida Francisco Sales, entre rua Ceará e avenida Brasil






Avenida Francisco Sales entre rua Padre Rolim e avenida Brasil





segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sobre caminhos não lineares

É engraçado como as coisas não são nada lineares. Um caminho leva a outro que poderia parecer imprevisível, mas, na verdade, faz todo o sentido.

Eu, por exemplo. Fui um cinéfilo na adolescência e a escolha do meu curso de graduação se baseou em qual parecia ter a mais interessante disciplina sobre cinema. Formei e percebi que o meu interesse não era o cinema per se, mas a narrativa, as histórias bem contadas.

Como roteirista, escrevi filmetes pedagógicos, o que me aproximou dos estudos sobre educação. Misturando educação e narrativa, vi como os assuntos poderiam ficar mais claros se fossem abordados como histórias e se falássemos sobre como os humanos lidavam com eles. Cheguei, daí, ao design. Design thinking me levou ao design de serviços, que me levou a design de informação, que me levou ao design gráfico. E o design gráfico trouxe um bocado de arte na minha vida. Comecei a levar a sério desenhar. Paralelamente, desenvolvi um genuíno interesse em psicologia e questões relacionadas ao cérebro. Inevitavelmente, isso me levou a pensar um pouco sobre ciência e sobre o corpo humano.

Passei a procurar livros sobre design e conversar com designers. Da mesma forma que procurei bibliografia sobre cinema e papos com cinéfilos num passado distante. Igual quando procurei textos sobre narrativas e roteiristas num passado um pouco mais recente. E, claro, de forma semelhante, busquei referências sobre pedagogia e educadores, psicologia e psicólogos e por aí vai.

Aprendo muito mais sobre design lendo sobre pedagogia e psicologia. Aprendo um bocado sobre pedagogia lendo sobre narrativas e ciência. E mais um pouco sobre psicologia lendo sobre design. E, como no parágrafo anterior, por aí vai. Um conhecimento completa o outro. Assim como os neurônios do nosso cérebro não funcionam sem outros neurônios. Assim como nós, seres humanos, não avançamos sem outros como nós. O conhecimento de um precisa do conhecimento dos outros.

Tudo isso só para falar de um livro que, à princípio, seria uma simples biografia sobre um renomado e falecido chef de cozinha francês. Mas, em um parágrafo, “O Perfeccionista”, da editora Record, dá uma pequena aula sobre design, educação, conhecimento, negócios, criatividade, sobre pensar. Transcrevo abaixo:

“Todo o tempo que passaram nas disciplinares e semimilitares brigades das grandes cozinhas ensinou-os (os irmãos chefs Jean e Pierres Toigros) a executar com perfeição um número de procedimentos que, por aquelas normas há muito estabelecidas, resultavam em determinados pratos predefinidos – mas esses procedimentos não os conduziam a um autêntico envolvimento pessoal com o seu trabalho. Estiveram seguindo regras, sem pensar. Jean-Baptiste (o pai dos irmãos chefs) os fazia pensar, e os fazia provar a comida. Depois de anos montando pratos maquinalmente, os cozinheiros têm a tendência de esquecer a função elementar de provar efetivamente sua própria comida. Ao ensinar aos seus filhos a adotar a visão do cliente sobre o ofício deles, Jean-Baptiste transformou Jean e Pierre de profissionais de cozinha tradicionais em chefs modernos. Então, avançou ainda mais com uma ideia totalmente incongruente: conduziu-os a sair do salão de jantar para conversar com clientes e – que outra coisa poderiam fazer? – conversar sobre comida. Assim iniciou-se o muito à vontade, tranquilo, mas ainda assim altamente profissional relacionamento de equidade entre cliente e cozinha que um milhão de restaurateurs ao redor do mundo logo estariam imitando”.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ciência como arte como design como história

Carl Zimmer é um escritor freelancer com especial atração pela ciência. Um belo dia quis saber se seus leitores tinham tatuagens e lançou a questão em seu blog. Nem ele esperava o resultado. Um desfile de imagens da ciência transformada em arte. E, por isso, belas narrativas visuais e pessoais.



A tatuagem aí de cima, por exemplo. É  do professor Sandeep Robert Datta, um neurobiólogo. Trata-se de uma molécula helicoidal de DNA. Mas também é uma declaração de amor para sua esposa.

Explico. Ou melhor, tento explicar. O DNA é o pontapé inicial da fabricação de proteínas. E as proteínas são formadas por um conjunto de aminoácidos. Até aí, tudo bem?

Pois bem. Entre o pontapé inicial do DNA e a construção da proteína é preciso, então, fabricar o aminoácido. Como isso acontece? 

Respire fundo e vamos lá: vê na foto um monte de tracinhos coloridos? Cada um deles representa uma base nitrogenada: guanina (na tatuagem é o traço verde, de green), adenina (traço amarelo, âmbar), citosina (traço azul, de ciano) e timina (traço vermelho, de tomate). Essas bases funcionam como um código para a síntese do aminoácido.

Rola um rompimento dessa fita dupla do DNA. E de algum forma que eu não entendo que não vale a pena explicar agora, cada sequência de três bases se transforma em um aminoácido. 

Existem 20 aminoácidos possíveis. Cada um é representado por uma letra. O glutamato, sabe-se lá porque, é representado pela letra E.

Alguma luz no fim do túnel? O DNA tatuado no braço do nosso neurobiólogo só poderá fabricar glutamato ou o aminoácido da letra E. E o nome de sua esposa é Eliza Emond Edlesberg. Sacou?

Zimmer juntou todas as tatuagens, todas as histórias e todas as declarações de amor pela ciência e dividiu-as em tópicos como neurociência, física, matemática, paleontologia e outros. Transformou-as em livro: Science Ink: Tattoo of the Science Obsessed.